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Prefeito de Itaguaí não aparece na cidade desde que a Polícia Federal o acusou de desviar milhões

 A fachada da prefeitura de Itaguaí

Na barbearia, nunca o viram. No restaurante, ele apareceu pela última vez há seis meses. Em casa, os vizinhos não o encontraram ainda este ano. Na mansão de veraneio da família, ele também não tem aparecido. Pela cidade, a piada é perguntar por onde ele anda. Até no trabalho os seguranças do prédio brincam que não sabem seu paradeiro. Itaguaí e seu prefeito, Luciano Mota, parecem não estar se encontrando com frequência — mesmo tendo a sede do município pouco mais de 30 quarteirões em cada direção, percorridos de carro em menos de dez minutos.
Durante três dias da última semana, o EXTRA esteve no gabinete do político e visitou pontos frequentados por ele na região. Acusado pela Polícia Federal de chefiar um esquema que desviou entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões por mês dos cofres públicos, ele não foi localizado em nenhum dos endereços. De acordo a Secretaria de Comunicação da cidade, Luciano continua “trabalhando normalmente em suas atividades como chefe do poder executivo municipal” e “não teve agenda disponível para conceder entrevista”.
Nascido em Volta Redonda, o rapaz, de 32 anos, foi criado em Itaguaí. Caçula da família, terminou a escola e não quis seguir os passos da irmã: trabalhar no Areal Piranema, de propriedade do pai. Chegou a fazer aulas de teatro, mas optou pela carreira política: candidatou-se em 2010 a deputado estadual. Gastou R$ 76 mil na campanha e ficou como suplente, com 2.629 votos.

Luciano Mota, prefeito de Itaguaí

Dois anos depois — com o jingle “Com Luciano Mota, Itaguaí vai vencer” e investimento de R$ 377.750 na campanha — foi eleito para prefeito com 31.014 votos, o que representa 43,8% dos eleitores itaguaienses. Desde que agentes da Delegacia da Polícia Federal de Nova Iguaçu deflagraram uma operação, em 18 de dezembro, para fazer buscas na sede e ouvir o prefeito e secretários sobre supostas fraudes em contratos e licitações, Luciano tem se esquivado. Neste período, inclusive, compartilhou apenas uma publicação em seu Facebook.
— Aqui ele também nunca apareceu. E olha que estamos precisando muito de uma autoridade para resolver nossos problemas — reclama a dona de casa Gláucia da Silva Santos, de 28 anos, que vive às margens de um córrego assoreado e com mato alto na Avenida Ponte Preta, no bairro Mangueira.
Vizinho dali, o pedreiro e pintor José Augusto Pavão, de 52 anos, também se sente “órfão” do prefeito:
— Quatro vezes por dia, passo pela Estrada do Chaperó, de bicicleta. Como não tem asfalto, levanta poeira. Quando chove, fica ainda pior.

Pichação em um muro da cidadeNa Unidade Básica de Saúde do Centro de Itaguaí, a dona de casa Viviane Gonçalves Rosa, de 30 anos, limpava o suor enquanto esperava receber um medicamento, na última quarta-feira. Grávida de sete meses do quinto filho, ironizava:
— Enquanto o povo sua, o prefeito deve estar sequinho, confortável com o ar-condicionado da Ferrari dele.
Na região, os moradores dizem não estar surpresos com os gastos de Luciano em carros importados, artigos de luxo e helicópteros — citados no inquérito da PF.
— Quando dava um vento mais forte, todo mundo dizia: é o prefeito que está vindo aí — contou um gari, de 30 anos, na tarde de quinta-feira, próximo ao Pavilhão de Exposições de Itaguaí, no Centro.
Além dali, o político também era visto voando do depósito de carros da Move Cargo, no quilômetro 13 da Rodovia Rio-Santos.
O contrato de locação dos automóveis da empresa pelo município é um dos que estão sendo analisados pelo grupo de quatro técnicos da Controladoria Geral da União. Segundo o delegado Hylton Coelho, o grupo especializado, de Brasília, trabalha para diagnosticar possíveis irregularidades nos documentos.
Enquanto isso, dizem moradores, Luciano continua distante da cidade. Um dos possíveis destinos é a vizinha Mangaratiba, onde o prefeito foi visto na casa do jogador Emerson Sheik, do Corinthians.
 
fonte do extra

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