Protestos contra o governo reúnem quase 1 milhão de pessoas pelo país
As manifestações ocorrem em pelo menos 151 municípios brasileiros e tiveram um perfil pacífico
Os protestos realizados neste domingo (15) contra o governo da
presidente Dilma Rousseff e o PT reuniu quase 1 milhão de pessoas em
todas as capitais do país e em algumas cidades do interior.
As manifestações ocorrem em pelo menos 151 municípios brasileiros e
tiveram um perfil pacífico, em geral, sem registro de confrontos
violentos entre opositores e partidários do governo.
O maior ato ocorreu na avenida Paulista, em São Paulo, que foi tomada
por 210 mil pessoas ao longo do dia, apesar da chuva intermitente que
atingiu a capital. O ápice do protesto convocado por cinco grupos
diferentes reuniu 188 mil manifestantes simultaneamente às 16h, segundo o
Datafolha.
A Polícia Militar calculou em 1 milhão o número de participantes. Em
nota, a corporação diz que levou em conta fotografias aéreas e a
extensão da avenida Paulista e de outras ruas.
O discurso hegemônico da manifestação pedia o impeachment da presidente
Dilma e acusava o PT de ser responsável pelo escândalo de corrupção na
Petrobras. Cartazes fazendo menção à Operação Lava Jato -que apura o
desvio de bilhões de reais da estatal e o repasse de suborno a membros
do PT, PMDB, PP, PSB, PSDB E PTB- eram vistos em torno dos carros de som
dos grupos MBL (Movimento Brasil Livre), Vem pra Rua, Revoltados Online
e do partido Solidariedade.
O movimento SOS Forças Armadas também foi para a avenida com três
carros de som e muitas faixas que pediam a intervenção militar. "Otário
pede impeachment, patriota exige intervenção constitucional", dizia um
dos cartazes.
Acostumados a uma relação tensa com os manifestantes desde os protestos
de 2013, os policiais militares foram aplaudidos desta vez. Alguns
foram requisitados para tirar fotos ao lado dos manifestantes.
Em episódios isolados, 20 integrantes do grupo nacionalista "carecas do
subúrbio" foram detidos com explosivos após um casal ser atingido por
um rojão. Ninguém se feriu. Outras duas pessoas foram presas por furto e
roubo de celular, segundo a Polícia Militar.
No Rio de Janeiro, o maior ato ocorreu no final da manhã, na orla de
Copacabana, onde mais de 15 mil manifestantes fecharam a av. Atlântica,
segundo oficiais da Polícia Militar. No fim do dia, o comando da PM se
recusou a fazer uma estimativa oficial. Os organizadores disseram ter
reunido ao menos 50 mil pessoas.
Em Brasília, 40 mil pessoas se reuniram na Esplanada dos Ministérios
desde a manhã, em frente ao Congresso Nacional, segundo a PM.
No fim do dia, a polícia lançou dezenas de bombas de gás lacrimogêneo
contra manifestantes que permanecem protestando. Segundo a PM, os
policiais foram agredidos após impedirem que manifestantes entrassem no
prédio do Congresso. Pelo menos uma pessoa ficou ferida.
Ao menos três pessoas foram detidas. Houve depredação de cestos de lixo
nos ministérios da Integração Nacional e da Agricultura.
ESTADOS PETISTAS
Estados nos quais a presidente Dilma venceu as eleições de 2014, como
Minas Gerais, Salvador e Pernambuco, também tiveram protestos com
milhares de pessoas.
Em Belo Horizonte, cidade natal da presidente, o ato convocado por
movimentos como o Vem Pra Rua e outros formados especialmente para esse
protesto chegou a ter pico de 24 mil, de acordo com a Polícia Militar.
Os gritos mais ouvido no ato em BH eram "fora Dilma" e "fora PT".
Em Salvador, entre 6.000 e 7.000 pessoas participaram do protesto. Uma
banda e dois bonecos de Olinda -um deles do ex-ministro do STF Joaquim
Barbosa- participam do ato.
No Recife, centenas de manifestantes foram para a orla da praia de Boa
Viagem. A maioria vestia camisetas nas cores verde e amarela.
Em Curitiba, 80 mil pessoas protestaram contra o governo e o PT,
segundo cálculos da Polícia Militar do Paraná. Sem uma liderança
unificada, vários movimentos levaram carros de som, distribuíram
material contra a presidente e puxaram coros pelo impeachment.
Integrantes do movimento O Sul é o Meu País, que pede a separação dos
três Estados da região, também aproveitaram o ato para distribuir
material de campanha e divulgar a causa.
POLÍTICOS
Apesar do viés antigoverno do protesto, os partidos e políticos da
oposição quase não tiveram espaço nos carros de som e não alcançaram
protagonismo neste domingo.
O deputado federal Paulinho (SD-SP), da Força Sindical, foi vaiado
pelos manifestantes e não conseguiu discursar no carro de som do próprio
Solidariedade, onde estavam o ex-jogador Ronaldo e a cantora Wanessa
Camargo, que cantou o hino nacional.
Ao ser hostilizado, Paulinho desceu do caminhão e foi até uma esquina
onde o partido pedia assinaturas para um abaixo-assinado pelo
impeachment de Dilma. "Desisti. Pra você ver como esse governo acabou
com tudo, até com a classe política", disse.
O deputado federal Floriano Pesaro (PSDB-SP) também reclamou da falta de espaço para os políticos discursarem.
O candidato à Presidência derrotado por Dilma no segundo turno, Aécio
Neves, não foi para as ruas e gravou um vídeo de seu apartamento no Rio.
Aécio disse que o 15 de março vai ficar lembrado como o "dia da
democracia" no Brasil e pediu que a população não se "disperse".
O candidato à Presidência em 2014 pelo PV, Eduardo Jorge, foi ao ato e
disse que "a rua não tem dono", mas negou apoiar o impeachment da
presidente. "Eu rejeito qualquer tipo de solução autoritária e tentativa
de atalho no processo democrático", afirmou.
fonte:O TEMPO POLÍTICA
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