Cofres vazios e dificuldade para pagar aposentados
Os aposentados que deram anos de suas vidas no serviço público estadual
vivem dias de apreensão. Com os cofres do Estado vazios, o governador
Luiz Fernando Pezão (PMDB) aposta todas as suas fichas num convênio com o
Judiciário para pagar a folha de pagamento dos 260 mil inativos e
pensionistas do Rio Previdência e arcar com custos de precatórios -
ações perdidas pelo Executivo na Justiça, segundo o jornal O Dia.
Na tentantiva de evitar o colapso das finanças, ele apresentou projeto
aos desembargadores do Órgão Especial para usar pelo menos R$ 11,7
bilhões dos R$ 16,84 bilhões do Fundo de Depósito Judicial. O valor
garante o pagamento de ações judiciais, como a coluna 'Justiça e
Cidadania' publicou com exclusividade na terça-feira.
A decisão da Corte sobre o pedido de empréstimo será votada pelos 25
desembargadores mais antigos do tribunal dia 9 de março. A recomposição
dos valores seria feita pelo estado, a partir de 2019. Segundo o
secretário da Casa Civil, Leonardo Espínola, o rombo no Rio Previdência é
estimado em R$ 5 bilhões. "Fizemos um estudo nos últimos dez anos e
percebemos que a verba do fundo só aumenta. Ainda deixaríamos mais de R$
5 bilhões. Não há o menor risco de o ganhador de uma ação não receber",
afirmou. O baque nas contas é resultado da queda na arrecadação dos
royalties do petróleo. "Nenhum estado sofre como o Rio. Somos
responsáveis por 82% da produção nacional", explicou Espíndola.
No
entanto, há controvérsias sobre a queda da receita, e a história tem
outras faces que fazem aumentar o grau de preocupação. O deputado
Marcelo Freixo (Psol) lembra que governo já enviou 50 mensagens de
pedidos de empréstimos aprovados na Assembleia Legislativa (Alerj) em
razão da má governança da gestão Sérgio Cabral/Pezão com dívidas
contraídas nos gastos em excesso na Copa do Mundo e Olimpíadas. "A
dívida é superior ao seu orçamentário anual. Os futuros secretários irão
encarar um orçamento cortado, o que já acontece com a Segurança, na
Educação e na Saúde. Evidente que há uma crise, mas não é possível que
este governo não tenha um pingo de autocrítica e nem sequer mencione
sobre as 50 mensagens de pedidos de empréstimos, que foram aprovados
irresponsávelmente pela Alerj. Espero que esta nova legislatura se
comporte de forma diferente e reduza seu grau de submissão aos
interesses do Executivo", afirmou.
Garotinho manifesta preocupação com quadro
Em seu blog, o
ex-gopvernador e atual secretário de Governo de Campos, Anthony
Garotinho (PR) também discorda de Espíndola e manifestou preocupação. "A
manchete do jornal O Dia na edição desta quinta-feira começa a mostrar a
situação de colapso das finanças estaduais, que eu venho denunciando
desde a metade do ano passado. Pezão não tem mais dinheiro para pagar os
aposentados e pensionistas do Estado", postou.
Garotinho
divertiu do enfoque segundo o qual os problemas de caixa do governo é
resultado na queda de arrecadação dos royalties. "Isso não é verdade.
Esta semana começam a ser pagos os royalties reduzidos, relativos ao
barril de petróleo na faixa de US$ 50, além de que o Estado não depende
dessa receita como as prefeituras. A verdade é que Cabral e Pezão
quebraram o Estado com uma gestão irresponsável, além de desvios
milionários de dinheiro público", disse ainda. "É uma situação
desesperadora, mas que quem acompanha de perto as contas públicas já
sabia que aconteceria. Eu bem que avisei", emendou.
O quadro de apreensão que cerca os aposentados também inclui os
servidores da ativa. Há 20 dias ninguém consegue consultar o
contracheque através do Proderj. "O pagamento dos servidores começa na
próxima semana e pelo jeito só vão saber quanto vão receber na hora que o
dinheiro entrar na conta. É natural toda essa apreensão, mas com o
pagamento do IPVA, Pezão tem como honrar a folha deste mês. De março em
diante, aí é que a coisa começa a se complicar", comentou ainda
Garotinho.
Educação vai pagar conta
A educação também
pagará a conta das mazelas do governo estadual. Construída e inaugurada
durante os governos Garotinho e Rosinha, a Uezo (Uiversidade Estadual da
Zona Oeste) agoniza nos governos do PMDB. "A Zona Oeste tem uma
universidade estadual. Ela é constantemente sucateada e ignorada pelo
governo. Até hoje a universidade não tem uma sede e um campus próprio,
funciona de empréstimo numa escola de ensino médio do Estado. Agora, a
Uezo eve corte de 37% do seu orçamento. Um verdadeiro absurdo", disse
ainda Freixo.
Segundo deputados de oposição na Alerj, a dívida do Estado teria
aumentado 85% de 2006 a 2014. Segundo o jornalista Fernaldo Molica, em
sua coluna desta quinta-feira também no jornal O Dia, o clime é de
apreensão entre deputados do PMDB quando o assunto é a crise financeira
do estado.
Anteontem, em reunião da bancada do partido na Alerj,
parlamentares chegaram a estimar perdas entre R$ 6 bilhões e R$ 9
bilhões por conta das reduções na arrecadação do ICMS e do dinheiro dos
royalties de petróleo.
fonte: jornal O Diario
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