Mesmo com o Secretário de Administração, Paulo Bairral, usando a tribuna para justificar a situação da Prefeitura de Aperibé caso o Plano de Carreira vigorasse, o clima esquentou entre os servidores, vereadores e o secretário.
Segundo Paulo, os gastos com a folha de pagamento da Prefeitura de Aperibé saltariam de R$ 1,384 milhões para R$ 1,816 milhões, extrapolando o limite de 54% da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele ainda justificou que a arrecadação caiu em R$ 3 milhões de 2015 para 2016. Quando questionado sobre as contratações e funcionários de cargos iguais, mas com salários diferentes, o secretário disse que não tem acesso à folha de pagamento dos servidores.
As respostas do secretário aos servidores não foram convincentes e algumas perguntas ficaram sem respostas. Na tentativa de acalmar os ânimos dos servidores, Paulo disse que está à disposição dos mesmos. "Estamos de portas abertas para quem quiser explicação pessoal. Estou lá na Prefeitura todos os dias, de 11h30 às 17h para bem atendê-los", disse Paulo.
Os servidores denunciam salários desiguais para concursados e contratados. Outra situação é de servidores de nível superior que têm R$ 937,00 como salário base.
"É um absurdo o que está sendo feito! Acho que hoje em dia nem uma auxiliar de serviços gerais pode ganhar um salário mínimo porque um salário mínimo não dá para pagar despesas básicas. E eu, profissional de nível superior, junto com outros colegas fonoaudiólogas, fisioterapeutas, entre outras, ganhar um salário mínimo?", desabafou Gilce Bragança, nutricionista concursada há 22 anos no município. Segundo o SINERJ (Sindicato dos Nutricionistas do Rio de Janeiro), o piso salarial para a categoria em 2017 é de R$ 2.899,79.
Ainda segundo a servidora, nem mesmo se o Plano de Carreira vigorasse ela receberia o piso previsto em Lei. "Mas já é uma ajuda, porque a gente está sem reajuste desde 2000.", concluiu Gilce
Nossa reportagem ouviu relatos de odontologista e médicos que ganham R$ 1.078,00. Entretanto, o salário muda para quem não é concursado. "Tem uma nutricionista que foi contratada e ganha R$ 1.500,00 e eu concursada ganho R$ 937,00. Então temos que ter o Plano de Carreira para acabar com essa divergência de salários.", disse a servidora.
O Folha Itaocarense também ouviu relatos de servidores que se dizem perseguidos. "Eu estou correndo atrás do que é meu por direito, que é o Plano de Carreira, e nisso eles foram e me mudaram de setor por perseguição política", contou o operador de máquina.
Dos nove vereadores que compõem a Câmara, apenas um votou contra a emenda modificativa criada pelo Poder Legislativo que altera projeto de lei do Executivo. O texto original pretendia suspender sem mencionamento do prazo a Lei do Plano de Carreira. Andrinho Lima (PRTB) foi o único que se levantou contra a suspensão por 180 dias da Lei que cria o Plano de Carreira, além da criação de uma comissão para revisar a Lei de 2015.
No fim, após a aprovação da emenda modificativa, houve bate-boca entre alguns servidores e vereadores. O vereador Rodolfo da Piscina chegou a se evolver em confusão com um manifestante. Ambos foram contidos pela Guarda Municipal. A Polícia Militar também entrou no plenário para conter a situação.
Redução dos salários dos políticos
Após o Poder Executivo ter alegado queda de arrecadação e falta de recursos para cumprir a Lei do Plano de Carreira, eleitores começaram a se organizar um projeto de iniciativa popular que visa a redução dos salários do prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores. Atualmente, o salário do prefeito de Aperibé chega a R$ 16 mil mensais, e o salário de cada vereador é de R$ 5.980,00 por mês.
Nesta sexta-feira (31) o manifesto ficará disponível para recolhimento das assinaturas da população das 11h às 12h no Bar São Sebastião.
Redação: Folha Itaocarense